moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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sexta-feira, novembro 11, 2005
incipit
Durante e depois de mais uma sessão de pugilato emocional, baixei os braços, rendida. Descalcei as luvas, tirei todas as protecções, da cabeça, dos dentes, e deixei-me escorregar pelo banquinho de pau.
Ninguém para para me oferecer a toalha, ninguém para me limpar o suor, ninguém para me livrar do sangue.
Vesti a roupa da normalidade e encarnei a personagem desenxabida com quem contracenaste depois.
Confesso-te o segredo: não estava disposta a defender-me de murros no estômago, muito menos a ripostar, porque na verdade odeio boxe e o que me apetecia mesmo era um brilhante pas de deux. Não só ontem, mas nos outros dias todos. Se, às vezes, danço com menos graciosidade, encara-o como um tango, que começa com um jogo de afastamento e de recriminações, mas apenas como pretexto da sedução e da consumação ou recuperação do amor adiado.
posted by clarisca at 11:41 da manhã

1 Comments:

Blogger ana said...

mas podes ter por certo dos gritos e dos murros por vezes se conquistam espaços nos outros, sem que o sangue dissolva o cimento da casa onde moramos! coragem!

4:58 da manhã 

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