moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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segunda-feira, julho 04, 2005
Caranguejo
Terminei este fim-de-semana a minha primeira incursão na literatura surrealizante portuguesa. Devorei o Caranguejo de Ruben A. com alguma avidez, fruto da curiosidade e, mais tarde, do ir-me enredando.
Cada vez que termino um livro fico com esta inquietação de me faltar saber tudo, percebo como todos as minhas certezas absolutas rapidamente se podem tornar em dúvidas relativas.
E fica uma frase do livro, porque as minhas, neste momento (que sinto que se vai eternizar - na medida em que o humano pode ser eterno) são pasto para chamas...

O vestido de noiva. - La Princess s'en va - era cheio de brancos, só tinha brancos desde o véu em teia de aranaha até ao intermitentes de colombinas em voo parado - a renda de Malines esvoaçava calmarias e junto ao corpo parecia um acetinado escultural. Os sapatos não se viam e a cauda era de cometa parado. Ao longo das costas até à parte contrária - isto é, à parte úmbiga, havia uma corrente de botões aveludados - nas mangas também havia botões, mas estes de diferente simetria. Como grande novidade, o vestido trazia quatro mãodeiras para os pagens pegarem não deixando arrastar o cometa pelas passagens de procissão. Era na verdade um belo vestido de noiva onde qualquer purinha ficava bem.
Para a fuga das quatro horas a perua tinha-lhe evitado a saia e casaco escolhendo um robe garden party piqué brodé com o título sugestivo. - Mon père m'a donné un mari.
posted by clarisca at 6:34 da tarde