|
|
quinta-feira, janeiro 26, 2006 |
|
|
...
|
|
|
|
A única coisa que conseguiu fazer de produtivo naquele dia foi arrastar-se até ao sofá. O ponto de partida fora a cama, de onde não saía há três dias. Actos heróicos, aqueles de empurrar o edredão, pôr os pés no gelo do mosaico e sentir o rigor do dia em toda a sua crueza ao abrir algumas frinchas apenas dos estores. Entregou-se então à meditação, sempre era melhor do que a semi-letargia em que mergulhara há 72 horas, infrutífera, modorrenta. E pensou em tudo o que não lhe apetecia fazer: não lhe apetecia falar, muito menos cantar; comer, só o estritamente necessário; pensar, só em jeito circular, sem chegar a conclusões, a chover no molhado, no molhado, mau olhado. Por isso, parou. Abriu a janela da oportunidade esticando o braço, sem se levantar: lá estava ela, a olhá-la desafiadora. Agarrar, sabendo o esforço que isso significaria? Agarrar, sabendo que podia de novo escapar-lhe entre os dedos? Agarrar, sabendo que podia ser a última?
|
|
|
|
posted by clarisca at 11:40 da manhã
|
|
| |
|
4 Comments:
quando é que sabemos que é a nossa última oportunidade ou então se é mesmo a nossa oportunidade para sermos felizes?
simplesmente agarrar.
crianças a morrer à fome em África e voçês preocupadas com essas coisas...
também as há em Portugal.
também se pode morrer de outras coisas.
e nós preocupadas com essas coisas das oportunidades...
Enviar um comentário
<< Home