moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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sexta-feira, janeiro 06, 2006
meio cheio
Juntos, saltámos de cima das cadeiras, com os dois pés, como a pedir segurança. O champagne bebido por flautas francesas da passagem do milénio davam um ar sofisticado à noite em que se sugava vodka gelatinoso de copos de plástico e se dava um ar curioso às restantes bebidas através de uma caneca de cheirinho de parque de campismo.
Espalhados pelo chão, os confetti chineses a rir da história da sua compra: "pum...pum...colação, pum...flol..."
Ao som do musicol escolhido com bons gostos, fomos avançando para as toalhas. (Antes, as mãos no teu cabelo, a pedir - sem voz - que descansasses, a garantir - sem palavras - que está tudo bem ou que, pelo menos, vai estar). Eu, a mais vagorosa, a precisar de ser convencida e com a convicção de quem decidiu ser espectadora e não actora. A praia de escuro, tão diferente da que víramos no mesmo sítio, horas antes. Os milagres prometidos sucederam-se com pouca intermitência, quase sem hesitação. Depois de um intervalo em que foi nítida a sensação de que há oportunidades que só se têm uma vez e por ver isso mesmo no exemplo de outros, também mergulhei. Duas vezes. Uma por mim e outra por outra, pequenita, para que se sentisse mergulhada, baptizada e purificada. Um mergulho-sinédoque que espero que repitas, já com o teu corpo.
Lavar os pés de areia, secar o cabelo de mar, deitar, sentir de manhã os caracóis desaparecidos tesos de sal e recomeçar, sempre, recomeçar.
posted by clarisca at 4:48 da tarde