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terça-feira, novembro 14, 2006 |
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coincidências do caraças
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Eu, que ando atormentada pelos teus sonhos, abri hoje um documento de trabalho (o relato era sobre Macau!!!, juro) e, pumba, lá estava ele:
Poema à mãe
No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe! Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos! Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais! Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe, e o nosso amor é infeliz. Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração no retrato da moldura! Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos... Mas tu esqueceste muita coisa! Esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe! Olha - queres ouvir-me? -, às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos; ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura; ainda oiço a tua voz: Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal... Mas - tu sabes! - a noite é enorme e todo o meu corpo cresceu... Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber. Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo-te as rosas... Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Estão cá as fotografias, as rosas, os sorrisos, o crescer, ai, tudo e ainda o coração enorme (com ou sem prolapso, ENORME), e ainda por cima do teu Eugénio de Andrade!
Só quando nos conhecemos e encontramos é que pode haver estes de repentes que, de repente, fazem alguma coisa fazer sentido.
Bons dias para ti!
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posted by clarisca at 1:11 da tarde
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1 Comments:
posso agradecer, menina maravilha?
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