moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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terça-feira, maio 27, 2008
lembras-te pois lembras?
Mal o flash da máquina se calou, não sem antes se ouvir o estampido de um Kusturica emigrado em terras de Vera Cruz, V.T. e P. estavam no portão dos "Três Palheiros". Não lhes foi difícil entrar, V.T. conhecia bem as manhas da noite e os dois fugiram dos neóns da entrada principal do templo da dança para se insinuarem para o interior através das traseiras desprezadas pela maioria ululante.
Foi então que começou uma viagem sem retorno por cada um dos três recintos que davam fama e prestígio, além do nome, aos "Três Palheiros". Começaram por uma inebriante aventura anos oitenta a dentro, onde personagens desconexas com cornaduras lascivas na cabeça se despediam da solidão para se entregar ao Trivial Pursuit do amor. A este palheiro haviam de regressar, mas isso fica para mais daqui a um bocado. Por agora ficamos com o som que ocupava se propagava no ar rarefeito do mais alto dos três salões:
"À noche, à noche sonhé contigo, sonhé una cosa bonita, que cosa maravilosa, ai cosita linda, mama, chiquita, que linda que cortezita, sonhé que estaba contigo y todo passó por mim, ai mére kum té lailálá"
E ao ribombar da ansiada pergunta "a menina dança?", a menina dançou, mas não o fez sozinha que, ao jeito do bom tempo, são precisos dois para fazer um par.
Mas para seu desencanto, o que era doce acabou, depois da banda passar, cantando coisas de amor (o narrador volta a confessar o plágio, desta vez a vítima foi o grande Chico Buarque, que sem referências culturais de jeito nenhuma história sobrevive).
Rapidamente, ao ritmo do coração que bombava cada vez mais veloz o sangue diluído nos fluidos da noite, T.P. e V. (e trocadas que estão as consoantes está-se mesmo a ver o que é que só pode acontecer a seguir...) passaram pelo palheiro que ainda falta descrever, mas o que é que isso interessa, o importante é...o importante é...the important is that...l'important c'est...(ai que me está a chegar a inspiração de terras gaulesas)...l'importante c'est la rose! E foi uma rosa que brotou da inspiração dessa cantora francesa anónima só porque agora não me lembro do nome, rosa que só é importante quando entregue a um principezinho, rosa que entrou pela boca dos dois (claro que são os dois do costume) e se foi alojar na aurícula direita de cada um dos seus corações.
A noite foi interrompida pela bênção doméstica da casamenteira de serviço e ainda bem.

posted by clarisca at 11:11 da manhã