Primeira cena: ela, sentada numa mesa de restaurante com luz amarela, a ler o papel acabado de retirar de dentro de um fortune cookie (nunca percebi porque é que os restaurantes chineses não têm disso cá no burgo).
O resto do filme seria todo em analepse para se perceber como é que se tinha chegado àquele futuro. Analepse que ela nunca perceberia porque ainda não tinha chegado o tempo de ver a big picture da sua vida. Na verdade, a analepse seria fragmentada, com as histórias contadas a partir da perspectiva das pessoas com quem se tinha cruzado e que tinham contado. Por isso é que ela nunca poderia plenamente conhecer a big picture: afinal, só tem metade das peças do puzzle.
Só o espectador é omnisciente. Conhece os dilemas, os diálogos interiores, os motivos. Só o espectador. E esse não tem a possibilidade de avisar. Mesmo que tivesse, os puzzles às vezes são como os dominós.
Nesta confusão de jogos de tabuleiro contam as peças que o acaso, destino, deus ou o adn distribuíram por cada um dos stakeholders. Jogos em que não há limite de participantes. Contam as estratégias. Conta a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Conta se a nossa intenção é ganhar ou ir jogando; fazer bonito ou ser rápido e eficiente.
Na hora da morte (ámen), o puzzle completo. Plenitude ou fracasso na medida da beleza do dito.Etiquetas: outono em pequim
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