moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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sexta-feira, março 27, 2009
A tigela
Amarela por dentro, branca com bolas de várias cores por fora. Na verdade, foram compradas duas dessas tigelas. Uma já se foi, levada provavelmente pela inépcia de umas mãos que fazem quase tudo depressa demais, escangalhando baixela e outras coisas que exigem carinho no trato.

Foram compradas para os pequenos almoços, cereais e essas coisas, servidos e comidos ao ar livre. Mas não chegaram lá. Voltaram para trás antes de tempo e encontraram-se enclausuradas num armário, com saídas precárias para acondicionar arroz, esparregado e outros acompanhamentos. Nunca cereais ao pequeno-almoço. Uma, já se disse, entretanto finou-se.

[Com as tigelas foram compradas também duas colheres, daquelas com cabo de madeira, estilo Tramontina, só que de imitação. Se fossem mesmo Tramontina não teriam ido parar a uma gaveta juntamente com outro material de cutelaria inutilizado, à espera de melhores dias, dentro de um saco de plástico.]

E assim a tigela não cumpriu o que para ela havia sido destinado mas transformou-se em metáfora. Apesar o carácter literário deste destino, a tigela preferiria ter servido cereais ao ar livre. Penso eu. Porque a única figura de estilo desta história é a metáfora. Não cabe cá nenhuma personificação, ora essa!
posted by clarisca at 4:29 da tarde