moulin rose
porque temos o direito de nos contradizer. todos os dias se for preciso.

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segunda-feira, novembro 30, 2009
Caim vs. Deus
Li o polémico livro do Saramago. Li, ou melhor, devorei. Um muito querido e igualmente saudoso amigo dizia que a qualidade dos bens culturais se media por aquilo que faziam em nós. E eram tanto melhores quanto melhores nos tornassem. A avaliação do melhor e do pior é complexa e não é para aqui chamada. Mas o livro do Saramago fez-me pensar muito e daí espero que não saia coisa má.

O mais impressionante em Caim é a simplicidade. As alegorias surgem não como tal mas como simples histórias de moral óbvia e isso é que é desconcertante. Muito desconcertante. Aquilo que é tradicionalmente explicado como sendo prova da misericórdia de Deus torna-se, através da pena de Saramago, em prova da sua intolerância.
A ideia na origem da obra é brilhante. A sua leitura convida à revisitação do Antigo Testamento, desse Deus olho-por-olho-dente-por-dente. Reconhece-se a necessidade de um Novo Testamento. Inaugura-se agora um novo ano litúrgico, o tempo é de preparação para o Natal, para a chegada desse menino que mudou o cenário. Pretextos de sobra para pegar no livro, nos livros.

posted by clarisca at 12:01 da tarde